O CEOSP, em acordo com a FOP-UNICAMP, está facilitando e possibilitando a investigação de lesões intra-bucais, incentivando a detecção de eventuais patologias, melhorando de forma significativa o seu prognóstico quando diagnosticadas precocemente. Veja a seguir alguma considerações sobre exames em tecido mole:
Biópsia é a remoção cirúrgica de um fragmento de tecido vivo para estudo macro e microscópico com a finalidade principal de diagnóstico. É interessante notar que para a realização de biópsia são utilizados instrumentais cirúrgicos simples e todo clínico geral tem condições de realizá-la.
Os dois tipos mais comuns de biópsia utilizados na clínica são:
Incisional: é a remoção de parte da lesão, junto com tecido normal adjacente, deve ser retirada da região mais significativa da mesma. Este tipo de biópsia é indicado principalmente em lesões extensas ou múltiplas, ou quando existe suspeita de malignidade.
Excisional: é a remoção total da lesão. Este tipo de biópsia é indicado para lesões pequenas (com menos de 1cm), e que apresentem aspecto benigno ao exame clínico.
Quando indicar biópsia?
A biópsia é indicada para qualquer alteração na mucosa que não faz parte do normal e que esteja presente por um período superior a duas semanas sem sinal de regressão.
Existe alguma contra-indicação?
Praticamente não existem contra-indicações para a biópsia. Porém, algumas desordens sistêmicas como diabete não-compensada, uso de anticoagulantes e doenças hematológicas, são alguns exemplos de contra indicações de ordem geral. Como contra indicações locais, as lesões vasculares como hemangiomas podem contra-indicar a biópsia devido ao risco de sangramento.
Quais são os materiais e instrumentais utilizados?
- Cabo e lâmina de bisturi (número 15);
- Seringa tipo carpule, agulha e anestésico;
- Pinças, porta agulha, tesoura e fio de sutura (3.0 ou 5.0);
- Gaze, sugador e frasco com formol a 10%;
Como fazer uma biópsia?
A técnica operatória para biópsia é simples e compreende as seguintes etapas:
Anti-sepsia
É realizada com solução de clorexidine a 4% para anti-sepsia extra-bucal e a 0,12% para anti-sepsia intra-bucal.
Anestesia
Na maioria das lesões de tecido mole, é utilizada a técnica infiltrativa local, a solução deve ser injetada no mínimo a 1cm de distância da lesão. Outras técnicas deverão ser empregadas, de acordo com o tipo, extensão e localização da lesão.
Incisão
As incisões devem ser consideradas em dois planos. Um plano horizontal, de extensão, e outro vertical, de profundidade. Horizontalmente possui forma elíptica, como o “casco de um navio”, abrangendo: tecido patológico, tecido de transição (margem da lesão) e tecido normal. Verticalmente, na profundidade possui uma forma em cunha com convergência na profundidade.
Sutura
A sutura deve ser feita com fio 3.0 para incisão intra-oral e com fio 5.0 para incisão extra-oral. Incisões em gengiva e palato não são fechadas, mas deixadas cicatrizar por segunda intenção.
Transporte
O material retirado deve ser colocado imediatamente em frasco com formol a 10%. É importante que o frasco contenha um rótulo com o nome do paciente, do operador, o local da biópsia e a data. O frasco deve ser enviado junto com a ficha de solicitação de exame devidamente preenchida.
Obtenha maiores informações com a Profa. Michele Kellermann (*), responsável pelo setor de Estomatologia do CEOSP São Miguel.
* Profa. Michelle Kellermann é especialista, mestre e doutoranda em Estomatologia pela FOP-UNICAMP.